Não
sei, mas sempre preferi as matérias de línguas. Das línguas faladas e dos
músculos incansáveis, sempre fui fã. Mas não querendo tornar o assunto ambíguo
e/ou pornográfico, apenas quis deixar claro que a linguagem é algo bem cool. Esse charme dos poliglotas pode
ser explicado, se você quiser, de forma óbvia: cada língua carrega uma gama de
sentimentos próprios, oras. E um exemplo – até batido – disso é a palavra
saudade. Não se encontra um substantivo como esse no inglês, ou francês. Mas
vai me dizer que o francês perde para o português? Jamais, monsieur. Portanto, os poliglotas têm o feeling para com os outros da sua
espécie bem maior, meu caro.
Na
verdade, eu precisava muito daquelas matérias para alimentar meus vícios:
música e política. Não a política sacal, partidária e que me fazia votar a cada
dois anos em pessoas que eu mal tinha ouvido falar. A política que eu praticava
era a de quem tem muitos amigos e acha isso uma virtude. Eu tinha uma
dependência social e a alimentava ao fazer sempre questão de ser o mais popular
na escola. Mal sabia eu que isso ia me ajudar na hora de entrar de cabeça e
coração no meu outro best hobby ever.
Nossa,
eu era emputecido com meus pais por ter crescido numa família religião pride, mas renegada às artes. Fala sério:
altos pintores, músicos e literatos dedicaram seus talentos a esse misticismo
horrendo para nada? Os consumidores da religião católica apostólica romana
deveriam apreciar não só as palavras fascistas da bíblia, como também as coisas
boas que ela tem a oferecer. É, eu não posso ser hipócrita ao ponto de dizer
que a Igreja só trouxe miséria escurecida; foi uma miséria de penumbra poética.
Essa
raiva passou a existir desde que eu nasci (em outras palavras: começou) quando,
na fase boy sem noção, eu quis ser músico
e tocar na televisão. Qual foi, meu velho? Pagodeiros sem-vergonha levavam
teclados em forma de guitarra para (não) cantar com um playback e ganhar discos de platina? Iu; ever. Eu era maluco
para aprender a tocar uns violões como o Geraldo Azevedo, músico que meu pai
sempre dizia que gostava, e arranjar uma forma de mostrar naquele programa como
dá para ser uber descolado sem usar
tecladinhos-guitarra, ou playback
para não errar. E eu era from hell
assim com os pagodeiros já aos 11! Nossa, imagina aos 13.