segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Da série "Romances que eu não fiz": Chuva Urbana, demo


            Não sei, mas sempre preferi as matérias de línguas. Das línguas faladas e dos músculos incansáveis, sempre fui fã. Mas não querendo tornar o assunto ambíguo e/ou pornográfico, apenas quis deixar claro que a linguagem é algo bem cool. Esse charme dos poliglotas pode ser explicado, se você quiser, de forma óbvia: cada língua carrega uma gama de sentimentos próprios, oras. E um exemplo – até batido – disso é a palavra saudade. Não se encontra um substantivo como esse no inglês, ou francês. Mas vai me dizer que o francês perde para o português? Jamais, monsieur. Portanto, os poliglotas têm o feeling para com os outros da sua espécie bem maior, meu caro.
            Na verdade, eu precisava muito daquelas matérias para alimentar meus vícios: música e política. Não a política sacal, partidária e que me fazia votar a cada dois anos em pessoas que eu mal tinha ouvido falar. A política que eu praticava era a de quem tem muitos amigos e acha isso uma virtude. Eu tinha uma dependência social e a alimentava ao fazer sempre questão de ser o mais popular na escola. Mal sabia eu que isso ia me ajudar na hora de entrar de cabeça e coração no meu outro best hobby ever.
            Nossa, eu era emputecido com meus pais por ter crescido numa família religião pride, mas renegada às artes. Fala sério: altos pintores, músicos e literatos dedicaram seus talentos a esse misticismo horrendo para nada? Os consumidores da religião católica apostólica romana deveriam apreciar não só as palavras fascistas da bíblia, como também as coisas boas que ela tem a oferecer. É, eu não posso ser hipócrita ao ponto de dizer que a Igreja só trouxe miséria escurecida; foi uma miséria de penumbra poética.
            Essa raiva passou a existir desde que eu nasci (em outras palavras: começou) quando, na fase boy sem noção, eu quis ser músico e tocar na televisão. Qual foi, meu velho? Pagodeiros sem-vergonha levavam teclados em forma de guitarra para (não) cantar com um playback e ganhar discos de platina? Iu; ever. Eu era maluco para aprender a tocar uns violões como o Geraldo Azevedo, músico que meu pai sempre dizia que gostava, e arranjar uma forma de mostrar naquele programa como dá para ser uber descolado sem usar tecladinhos-guitarra, ou playback para não errar. E eu era from hell assim com os pagodeiros já aos 11! Nossa, imagina aos 13.

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