terça-feira, 6 de dezembro de 2011

(Não) Continue por aqui


ante olho seu
mar se fez nos meus

à espera de compreensão
que não vai ascender
sem tempo, nem rodeios

os modos desse jogo
não vou escolher
...
(inacabado)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Da série "Romances que eu não fiz": Monarquias


Você é o príncipe de um Estado pós-apocalíptico, futurista e distante do que se conhece como contemporâneo, mas de valores ainda inspirados no que se conhecia como política, família, honra, guerra, morte, monarquia.
Atingido a maioridade, faz-se sua hora de escolher seu treinamento a fim de compor a guarda real, tradição da realeza. Você será treinado pelo melhor guarda daquela classe escolhida, sendo elas a magia, a infantaria, a alquimia, o ninjutsu (ou olhos do rei), ou a cura.
O que o guarda real de uma classe acha em corpos mortos pode não interessar ao guarda e outra.
Por exemplo: após averiguação, a saber, se haveria tentativa de invasão e saqueio aos pastos da Monarquia, cinco bárbaros foram rastreados como potencialmente perigosos às cercanias da propriedade. Duas duplas de guardas esterilizaram a fronteira, eliminando quem estava por perto. Ao
Haveriam outras profissões, outros muitos ofícios a se conhecer neste percurso do príncipe. Alguns não dignos de um humano, como o empresariado, ou a servidão, eram percebidas, mas nem tanto compreendidas. Certos ofícios reais poderiam ser executados por imersos, como a Hermesia (antiga diplomacia), ou a
Os lugares habitados remetem ao certos prédios já conhecidos no presente, prédios, palácios e templos construídos desde Antes da Imersão. Todos remodelados a fim de atender a qualquer novo valor estilístico, mas mantendo muito do que se considera essencial na arquitetura dos prédios, já que preservar História e o passado é valor crucial. Percebe-se que tudo se tornou mais elevado que o chão. Não se sabe ao certo o porquê, mas os modos de locomoção aconteciam através de teleféricos, naves, ou asas, quando a raça as possuía.
Esses tempos são humanos, mas não exclusivamente. A ciência, a seleção natural e explorações interplanetárias trouxeram novas espécies dotadas de razão. Ainda recente, mas já capaz de absorver muito da História Humana, a racionalidade desses seres os deixam a par de cooperar na vivência de todos nós, mas, ainda vistos como subdesenvolvidos por muitos humanos, sofrem subjugo e certo preconceito, fazendo-os guardar rancor e vontade de revolução, naturalmente perigosos à raça do homem.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Caminhar só


Sim, só me resta andar nesse limbo
Esse ao Deus dará que estou
O que restou foram apenas lembranças
Da ignorância de ser feliz só
Com o material
Carnal, viral, banal, ...

Qualquer traço parece incerto
O esperto, concreto, nem de perto
Estou a alcançar
Solavanco, um tamanco pra ver
O mundo com outros olhos
Sonhos se materializando
Pegando o abstrato, fazendo confete

E se me pego bêbado, mais parece sóbrio
Essa idéia de fumaça é a neblina
Da bola de cristal
Ou será que tal é apenas
Ilusão, cidadão?

À espera dela


Todo tempo com quem a gente ama é pouco. É ralo, insuficiente, de dar raiva e só vontade de mais.
Eu a esperava lendo um livro, os olhos pesavam, a razão dizia que o outro dia seria de branco, mas eu não queria saber. Esperaria e pronto, acabou-se conversa.
Ali de lado, o cigarro
O relógio me pedia um trago
Amargo esse esperar de sarro
Pra matar o danado
Do amor de sábado
Safado, tarado, tapado
Aguardava feito soldado
Pela rainha que era
Alegria, a minha
Tinha eu amor
De carochinha?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Clara sinceridade


Acróstico é uma espécie de texto cujas primeiras versões são registradas já no século III, quando a arte literária já começava a ser aprisionada na perspectiva religiosa.
Embevecido pela arte como sou, quase que um peregrino pelo que se produz enquanto expressão do que se vê, ouve, sente, ou cheira, sinto-me um religioso pelo belo.
Belo, valor intrínseco àqueles que vivem ao lado da música, das ilustrações e do que se escreve, é o sentimento que resolvo atribuir ao que tenho sentido nesse sutil, mas forte dia de sintonia.
Houaiss me diz ser sintonia a simpatia que aproxima, a similitude no pensar, a harmonia, a reciprocidade, o acordo:

A
C
R
Ó
S
T
I
C
O

Você me desafiou, diria. Talvez até eu mesmo tenha sido o oponente de mim. Senti-me de certo um tanto desconfortável pelo que pareceria pra você uma distância de egos.
Ego, enquanto o que se constitui como o Eu e suas experiências, o Eu e suas crenças, o Eu e seus receios é o que me atrai em você. É seu universo particular que me fez provocado. São suas respostas e suas perguntas que me motivam. São suas pernas.
São seus olhos. Pupilas que, caso em café, ou cerveja, tentaria sutilmente mergulhar pra fazer íris de borda, branco de conforto e vermelhidão de vergonha que eu tentaria provocar em você. Ah, sim, como gosto de deixar alguém sem graça com minhas palavras. Você mereceu, hoje, que eu te desafiasse a esquecer de seus preconceitos pra te mostrar: “oi, dá cá um sorriso com minhas palavras, que estou fazendo por onde”.
Marcelo camelo fala “a dor repousa na vontade”. E agora, Claramente minha presa, o que farei? Escreverei, então. Assim como intensamente vivo, fortemente vou te oferecer o que se procura em doses homeopáticas. Por que é o que se procura nessa vida, sinceramente: homeopatia de sensações. Digo então – e pague pra ver – isso que faço é homeopatia. Cuidado para não se perder.
Corte-me, que eu então cesso. Dê-me atenção e então o Belo de Clara se mostrará pelo que a espontaneidade pode me oferecer. Apenas sendo óbvio: tem como não gostar de arte?

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Coldplay


então põe um coldplay pra tocar
não, ninguém vai se machucar
Só se machucar aquela canção

vai, bota joy division na radiola
desse jeito acho que um climinha rola
etc.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Da série "Romances que eu não fiz": Chuva Urbana, demo


            Não sei, mas sempre preferi as matérias de línguas. Das línguas faladas e dos músculos incansáveis, sempre fui fã. Mas não querendo tornar o assunto ambíguo e/ou pornográfico, apenas quis deixar claro que a linguagem é algo bem cool. Esse charme dos poliglotas pode ser explicado, se você quiser, de forma óbvia: cada língua carrega uma gama de sentimentos próprios, oras. E um exemplo – até batido – disso é a palavra saudade. Não se encontra um substantivo como esse no inglês, ou francês. Mas vai me dizer que o francês perde para o português? Jamais, monsieur. Portanto, os poliglotas têm o feeling para com os outros da sua espécie bem maior, meu caro.
            Na verdade, eu precisava muito daquelas matérias para alimentar meus vícios: música e política. Não a política sacal, partidária e que me fazia votar a cada dois anos em pessoas que eu mal tinha ouvido falar. A política que eu praticava era a de quem tem muitos amigos e acha isso uma virtude. Eu tinha uma dependência social e a alimentava ao fazer sempre questão de ser o mais popular na escola. Mal sabia eu que isso ia me ajudar na hora de entrar de cabeça e coração no meu outro best hobby ever.
            Nossa, eu era emputecido com meus pais por ter crescido numa família religião pride, mas renegada às artes. Fala sério: altos pintores, músicos e literatos dedicaram seus talentos a esse misticismo horrendo para nada? Os consumidores da religião católica apostólica romana deveriam apreciar não só as palavras fascistas da bíblia, como também as coisas boas que ela tem a oferecer. É, eu não posso ser hipócrita ao ponto de dizer que a Igreja só trouxe miséria escurecida; foi uma miséria de penumbra poética.
            Essa raiva passou a existir desde que eu nasci (em outras palavras: começou) quando, na fase boy sem noção, eu quis ser músico e tocar na televisão. Qual foi, meu velho? Pagodeiros sem-vergonha levavam teclados em forma de guitarra para (não) cantar com um playback e ganhar discos de platina? Iu; ever. Eu era maluco para aprender a tocar uns violões como o Geraldo Azevedo, músico que meu pai sempre dizia que gostava, e arranjar uma forma de mostrar naquele programa como dá para ser uber descolado sem usar tecladinhos-guitarra, ou playback para não errar. E eu era from hell assim com os pagodeiros já aos 11! Nossa, imagina aos 13.